Análise | Tomb Raider - A Origem

14.3.18

A arqueóloga Lara Croft sempre foi um dos maiores ícones do mundo dos games e, desde a sua estreia na mídia em 1996 com o jogo Tomb Raider, ganhou o coração do público, sendo considerada a “musa dos games” por muitos, enquanto influencia gerações. O sucesso foi tão grande, que a personagem, com suas belas curvas e uma destreza fora do comum, estampou diversas capas de revistas, foi garota-propaganda de inúmeras ações publicitárias e, lógico, ganhou as telonas em 2001. Angelina Jolie, que já atraia os holofotes com prêmios e notório reconhecimento como atriz, aceitou o desafio de adaptar a forte protagonista, o que rendeu ainda mais notoriedade por seu desempenho físico, chegando a ser aclamada como uma das maiores estrelas de filmes de ação. Mesmo com uma produção tão mediana, o sucesso foi grande, o que rendeu uma sequência que acabou não agradando ao público e se tornou um fracasso de bilheteria. O mesmo acontecia com os jogos da franquia, que já não traziam mais novidades. Com isso, se fez a necessidade de restabelecer a personagem em um estilo que atraísse mais jogadores e que trouxesse um ar de novidade aos fãs de longa data.

Em 2013, a produtora dos games lançava o divisor de águas da franquia. O jogo, intitulado “Tomb Raider” (como o original de 1996), reiniciava a história da personagem e mostrava uma Lara Croft mais humanizada, utilizando seus instintos para sobreviver a um ambiente inóspito de uma ilha perdida no Mar do Diabo. O novo Tomb Raider é, então, aclamado pela crítica, estreando em primeiro lugar em diversas lista de vendas no mundo todo. Logo, produtoras de cinema começaram a sondar a possibilidade de realizar uma nova adaptação da franquia. O que realmente foi colocado no papel com o lançamento do segundo videojogo desta nova versão. A história nos cinemas, porém, seria bem diferente da que vimos em 2001.


Tomb Raider – A Origem traz a ganhadora do Oscar Alicia Vikander no papel de uma Lara Croft mais jovem. Filha do excêntrico arqueólogo Richard Croft (Dominic West), que desaparece ainda na adolescência da jovem, a herdeira não possui qualquer propósito para seu futuro e ganha a vida fazendo entregas de bicicleta nas ruas de Londres. Determinada a forjar seu próprio caminho, ela se recusa a tomar as rédeas do império global de seu pai com a mesma convicção com que rejeita a ideia de que ele realmente se foi. Aconselhada a enfrentar os fatos e seguir em frente depois de sete anos sem seu pai, Lara busca resolver o misterioso quebra-cabeças de sua morte, mesmo que nem ela consiga entender a sua motivação. Deixando tudo para trás, ela parte em busca do último destino em que ele foi visto: um lendário túmulo em uma mítica ilha localizada no traiçoeiro Mar do Diabo. Na Ilha de Yamatai, Lara é obrigada e testar seus maiores limites e deverá usar de sua inteligência para sobreviver.


O filme é basicamente uma corrida contra o tempo – com um ritmo bem veloz -, resultando em inúmeras perseguições e acrobacias que desafiam a lei da física. O desenvolvimento da personagem, que começa de maneira certeira, acaba sendo deixado de lado no decorrer do seu enredo e, com isso, temos aqui apenas mais uma aventura de ação descompromissada. Mesmo embaladas com uma trilha sonora formidável e tendo momentos bem empolgantes, algumas cenas de ação (todas presentes no trailer - atrapalhando a novidade de quem assistiu os vídeos) sofrem com edições por vezes ruins - o que acaba incomodando de certo modo. O ritmo frenético do filme e os diversos quebra-cabeças nas tumbas, porém, diminuem essa sensação, deixando o espectador curtir o seu próprio momento.


Logo de início, percebe-se a influência dos dois jogos da nova trilogia na história do filme, que segue seu próprio rumo. A fidelidade ao material original é bem parcial, já que vemos a mesma trama, contada de maneira diversificada. A Lara de Vikander é mais rebelde e talvez mais "divertida" ao público. Não espere ver os conhecidos amigos e inimigos da protagonista (Daniel Wu não interpreta uma versão oriental de Conrad Roth e Mathias não é aquele que conhecemos), nem o mesmo destino ao seu pai (este que pode não agradar muito os fãs). Até a lenda da Rainha Himiko sofreu certas alterações, o que não atrapalha na trama que os produtores decidiram seguir para o filme - ficou até mais interessante. As cenas tiradas dos jogos não seguem o mesmo contexto do original. São apenas eatser-eggs presentes para que nós, fãs, pudéssemos entender as referências e ter o gostinho da sabedoria durante a projeção. A única vez em que Lara usa o arco-e-flecha pode deixar os fãs querendo mais (a cena é bem rápida e não empolga tanto quanto deveria). Armas de fogo? Esquece...


O roteiro segue uma história bem linear e não deixa pontas soltas, mas carece de profundidade. As determinações de Lara são pouco exploradas, limitando-se apenas à procura por seu pai, em uma relação pai-e-filha que pouco funciona. Falta aquela carga dramática para envolver o espectador. O carisma de Vikander é o que realmente salva a produção. A atriz se mostra digna para o papel e traz uma certa inocência que a personagem precisa para que a trama se sustentasse. Ela transmite a dor, o desespero e a confusão momentânea em suas ações. Seu desempenho físico também merece destaque, já que a atriz oferece grande credibilidade em cenas mais exigentes.



Iniciando uma nova franquia cinematográfica, Tomb Raider – A Origem mostra que tem o título tem grande potencial para atingir novos patamares. O filme é divertido, empolgante e mostra uma força feminina necessária ao público. Mas assim como essa nova Lara Croft, a nova franquia tem muito o que aprender...


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